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A partir das Grandes Navegações, a expressão “Novo Mundo” passou a ser utilizada para se referir à América. Em contraste, “Velho Mundo” passou a denominar as áreas banhadas pelo Mar Mediterrâneo, incluindo a Europa.

O “Novo Mundo” foi descrito inicialmente pelos europeus como uma terra de natureza exuberante repleta de animais selvagens, homens e

mulheres nus. Influenciado por ideias renascentistas e cristãs foi comparado ao Paraíso. Aos poucos, durante o processo de colonização da América pelos conquistadores europeus esta visão foi sendo substituída por uma realidade bem diferente marcada pela dominação e a exploração da terra e dos nativos.

 

As trocas culturais: a dominação do Velho sobre o Novo

Além dos interesses econômicos, os conquistadores europeus consideravam que tinham uma importante missão a cumprir nas colônias: desenvolver a cultura dos nativos, ensinando- lhes seu idioma, a crença no cristianismo, hábitos e costumes europeus. Para grande parte dos conquistadores, os ameríndios não eram civilizados. Eram, povos atrasados e selvagens na sua maneira de viver, na sua cultura, na tradição e na sua religião, necessitando aprender a cultura europeia para se “refinar”.

No século XVI, o cronista português Pero Magalhães Gandavo, nos deu um panorama da incompreensão europeia dos valores socioculturais dos indígenas no Brasil. Relata Gandavo: “A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida”. (GÂNDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 /adaptado).

Esta falta de compreensão provocou constantes conflitos de nações nativas americanas contra os conquistadores, pois elas não aceitavam a expropriação de suas terras, a escravização de seu povo e os valores da cultura europeia.

Nesse processo de ocupação e exploração, os colonizadores europeus precisaram improvisar moradias nas matas, enfrentar animais selvagens e peçonhentos, estabelecer contatos com povos de hábitos e culturas diferentes. Grande parte dos conquistadores era formada por homens que quase sempre deixavam esposas e filhos na Europa. Como muitas vezes não conseguiam enriquecer e voltar tão rápido quanto desejavam, formavam novas famílias com mulheres americanas.

A exploração dos indígenas brasileiros

Hoje, há no Brasil atualmente cerce de 900 mil indígenas, distribuídos por 215 povos diferentes em 24 estados brasileiros. Desse total, cerca de 320 mil vivem em cidades e mais de 570 mil em áreas rurais. No passado, esse número de indígenas era muito maior. Segundo algumas estimativas, por volta de 1500, o território hoje conhecido como Brasil era habitado por 5 milhões de nativos.

Destes, os tupis-guaranis – que habitavam quase todo o litoral brasileiro-, foram os primeiros habitantes que os portugueses encontraram ao desembarcar em terras americanas, adotando em geral, uma atitude amistosa em relação aos conquistadores. Estes ao perceber que eles falavam entre si línguas parecidas e tinham certos hábitos semelhantes, chamaram os indígenas de tupis.

Os portugueses não sabiam, no entanto, que os tupis não eram um só grupo, mas englobavam numerosos povos com grande diversidade cultural e religiosa. Foi exatamente com esses indígenas do litoral que os portugueses mantiveram maior contato e aprenderam as primeiras regras de sobrevivência no continente que então começavam a explorar.

No interior do território, viviam também diversos outros povos, chamados pelos conquistadores de tapuias. Estes eram mais hostis, falavam uma língua difícil de ser compreendida e rejeitavam qualquer tipo de aproximação. Por isso, o contato que os portugueses mantiveram com eles foi bem menor.

Embora os nativos não tivessem a noção de propriedade que temos, essas terras eram deles, o lugar onde nasceram e a fonte de sua existência. Pode-se dizer, portanto, que “pertenciam” a eles por apropriação coletiva. Ou seja, a terra era de todos, explorada e respeitada por seus habitantes. Não havendo a noção de comércio ou de dinheiro, as tarefas eram divididas entre todos. De forma geral, entre os nativos o trabalho era uma tarefa coletiva, na qual aos homens eram incumbidos a caça, a pesca, o preparo do terreno para as plantações, a construção das habitações e a guerra, enquanto as mulheres estavam responsáveis pela agricultura, pela preparação do cauim, bebida fermentada à base de mandioca que era servida nos rituais da aldeia. Elas também cuidavam também das crianças e da fabricação de vasilhas de barro utilizadas no preparo da comida.

Apesar do encontro “amistoso” os conflitos entre lusos e índios não demoraram a ocorrer. Interessados em explorar as riquezas da nova terra os portugueses trataram de trocar seus produtos pelo trabalho dos nativos. O primeiro produto a ser efetivamente explorado pelos portugueses na América foi o pau-brasil. Adquirido por meio de escambo, uma relação comercial na qual os portugueses ofereciam produtos aos indígenas em troca do seu trabalho no corte da madeira e seu transporte até as caravelas.

A mudança na relação com os indígenas se deu quando tribos se recusaram a extrair pau- brasil e resistiram a ocupação de sua terra atacando os povoados e fugindo para as regiões distantes do litoral. A guerra entre os conquistadores e nativos tornou-se uma prática frequente. Os portugueses denominavam o enfrentamento com os nativos de guerra justa. No século XVII, as populações nativas se encontravam dramaticamente dizimadas. As que sobreviveram foram caçadas (bandeirantismo de apresamento) e submetidas ao domínio europeu; foram escravizadas (negros da terra) e obrigadas ao trabalho nas lavouras de açúcar do Nordeste ou em outras lavouras dos colonos, perdendo muitas características de sua cultura tradicional.

 

 

 

Referências:

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar: 7º ano. 2ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2015. FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. Série Novo Ensino Médio.1ª ed. -São Paulo: Ática, 2004. PROJETO ARARIBÁ: 7º ano – história/ organizadora Ed. Moderna. 3ª ed. – São Paulo: Moderna, 2010. BOULOS JR. Alfredo. História Sociedade & Cidadania. 4ªed. São Paulo: FTD, 2018.