A descoberta da América e a verificação de inúmeras potencialidades de riqueza, especialmente minerais (ouro e prata) levou a uma dominação extremamente violenta e repressiva dos espanhóis sobre as populações nativas. Vários subterfúgios foram utilizados pelos espanhóis para conquistar os povos nativos americanos. Sempre regado a violência extrema.
O domínio do Império Asteca
Durante os primeiros anos, a ocupação europeia do continente americano se restringiu as ilhas do Caribe. Nessa região os espanhóis exploraram o ouro da superfície, valendo-se do trabalho forçado dos nativos. Com o tempo e o esgotamento do metal, o interesse voltaria para o continente.
Um dos homens de confiança da Coroa espanhola, Hernán Cortés, em 1519 partiu da atual ilha de Cuba em direção ao continente. Levava consigo onze navios com pouco mais de 600 homens, armados de 14 canhões, arcabuzes, pistolas e mosquetões, além de 16 cavalos.
Dois meses depois, ele desembarcou na atual costa mexicana, onde recebeu emissários do imperador Montezuma que lhe ofereceram diversos presentes. As notícias sobre a riqueza, a abundância de metais valiosos e a extensão do Império aguçaram a cobiça do conquistador, que procurou arregimentar homens para as suas tropas entre os povos que haviam sido conquistados pelos astecas e obrigadas a pagarem pesados impostos. Com estes aliados, Cortés marchou em direção à principal cidade do Império, Tenochititlán, acompanhado de milhares de guerreiros nativos.
Em novembro de 1519, ao entrar em Tenochititlán, o conquistador foi recebido amistosamente por Montezuma que, acreditando nas previsões de alguns mitos religiosos, interpretou a chegada dos europeus vindos pelo mar em grandes barcos, como a concretização das profecias que anunciavam a volta dos antigos deuses astecas. Para os astecas, Cortéz, por sua aparência física ser semelhante à imagem que tinham do deus Quetzalcoatl, seria o próprio deus que teria retornado para viver com o seu povo. Em pouco tempo, porém, ficaria claro o grande engano do imperador; pois se para os astecas, a guerra deveria seguir regras tradicionais e visava obter prisioneiros para o sacrifício; para os espanhóis, a guerra tinha de ser total, para destruir a cultura asteca e para impor o domínio da Coroa espanhola sobre as riquezas do Império; então, não é de se estranhar o uso da força, da violência e mesmo a disseminação de doenças contagiosas e fatais, como a varíola, junto aos astecas para conseguir seus objetivos.
Cortés e seus homens permaneceram vários meses em Tenochititlán. Quando precisou se ausentar da cidade, seu substituto no comando das tropas, Pedro de Alvarado, acabou deflagrando um conflito de consequências dramáticas: ordenou o massacre de cerca de 6 mil nativos no interior de um templo (O massacre do Templo Maior). Ao retornar, Cortés não conseguiu acalmar os ânimos dos astecas.
Fonte: A conquista de Tenochtitlán por Cortez e suas tropas. LEUTZE, Emanuel Gottlieb, 1848. Óleo sobre tela. |
Em junho de 1520, os astecas revidaram e infligiram pesada derrota aos espanhóis. Esta derrota ficou conhecida como “La noche triste”, pois os espanhóis perderam em torno de 150 soldados, 45 cavalos e dois mil indígenas aliados. Em resposta, Cortés buscou novos reforços e sitiou a cidade. Os astecas lutaram até o esgotamento, milhares de nativos morreram, entre os quais, o imperador Montezuma. Finalmente, em 13 de agosto de 1521, o último imperador, Quatemozim, teve de render-se. O Império Asteca foi destruído e passou ao domínio da Coroa espanhola sob o nome de Nova Espanha, governada por Hernán Cortés.
A chegada dos conquistadores: A conquista dos Maias
No início do século XVI, pouco depois de suas primeiras expedições à região, os espanhóis iniciaram uma série de tentativas para dominar os maias, que eram hostis ao domínio espanhol, com o objetivo de estabelecer uma presença colonial nos territórios da península de Iucatã e nas terras altas da Guatemala. A chamada “conquista espanhola de Iucatã”, liderada pelo fidalgo Pedro de Alvarado, viria a ser um exercício demorado, custoso e sanguinário para os conquistadores que levou a morte dezenas de milhares de nativos até a conquista dos territórios maias.
Ao contrário do Império asteca, havia a falta de um único centro político maia que, uma vez derrubado, apressaria o fim da resistência. Assim, os espanhóis tiveram que subjugar as várias cidades independentes maias quase uma a uma, muitas das quais mantiveram uma resistência feroz ao invasor espanhol. A maioria dos conquistadores eram motivados pelas perspectivas de grande riqueza a ser obtida a partir da apreensão de metais preciosos, como ouro ou prata; no entanto, os maias eram pobres nesses recursos. Isto viria a ser um outro fator que retardaria os projetos espanhóis de conquista da região, já que os espanhóis foram, inicialmente, atraídos para os relatos de grandes riquezas em outras regiões da América: a região central do México e o Peru.
Os últimos Estados maias, a cidade itza de Tayasal e a cidade ko’woj de Zacpeten, foram continuamente ocupados e mantiveram-se independentes do Império Espanhol até o final do século XVII. Por fim, foram derrotados pelos espanhóis no ano de 1697. Uma das consequências negativas mais importantes da conquista foi o declínio da população maia, não apenas durante as sangrentas batalhas que ocorreram e sua subsequente submissão e escravização, mas também por causa das doenças. Os espanhóis trouxeram consigo novas doenças às quais os nativos não resistiram, como varíola, sarampo e gripe. Outras doenças como tifo e febre amarela também apareceram nesse período e se tornaram epidemias, dizimando as populações indígenas.
A rica civilização e cultura maia foi diminuída e truncada durante o longo período da conquista. As cidades monumentais construídas por séculos foram abandonadas por seus habitantes, que fugiram dos espanhóis. A população e o território foram subjugados pelos espanhóis, sendo explorados e incorporados ao reino espanhol.
A conquista dos Incas
Conquistado o Império Asteca, os espanhóis dirigiram sua atenção para o Império Inca. Entre 1519 e 1529, comandados por Francisco Pizarro, soldados espanhóis, munidos de armas de fogo e cavalaria, partiram do Panamá em direção ao Peru, organizando investidas na tentativa de subjugar os incas, mas estes enfrentaram no início forte resistência armada dos povos que integravam o Império.
Durante este período, os rumores se espalharam pelo Império Inca sobre um estranho ‘homem barbado’ que ‘vivia numa casa no mar’ e tinha ‘raios e trovões em suas mãos’. Este homem estranho começava a matar muitos dos soldados incas com doenças que trouxera. Assim, apesar da grandiosidade do Império, a sociedade inca acabou se revelando bastante frágil diante do invasor espanhol.
Para isso contribuiu já o descontentamento dos povos subjugados pelos incas que acabaram se aliando aos invasores. Outro fator de fragilização foi a disputa de poder, com a realização de uma guerra civil, entre os irmãos Huáscar e Atahualpa, após a morte do Sapa Inca Huaina Capac, em 1528.
Esta guerra, que deixou um saldo de cerca de cem mil mortos, teve como resultado a vitória de Atahualpa sobre Huáscar. Conta-se, que Atahualpa estava enlouquecido, tratando os perdedores de forma horrível e violenta. Muitos nobres foram mortos e plebeus foram torturados. No final, Atahualpa pagou um terrível preço para tornar-se imperador. Seu império estava agora abalado e debilitado. Foi neste momento crítico que o ‘homem barbado’ e seus estranhos acompanhantes chegaram.
Em 1532, depois da conquista da cidade inca de Cajamarca, Pizarro convidou o Imperador Inca para um encontro reservado. Atahualpa concordou e se dirigiu ao local onde supostamente iriam conversar e quando lá chegou, o local parecia deserto. Um homem de Pizarro, Vicente de Valverde interpelou Atahualpa para que ele e todos os incas se convertessem ao cristianismo, e se ele recusasse, seria considerado um inimigo da Igreja e de Espanha. Como era esperado, Atahualpa discordou, o que foi considerado razão suficiente para que Francisco Pizarro atacasse os incas. O exército espanhol abriu fogo e matou os soldados da comitiva de Atahualpa e, embora pretendesse matar o Inca, aprisionou-o, pois tinha planos próprios.
Uma vez feito prisioneiro, Atahualpa queria libertar-se e fez um acordo com Pizarro. Concordou em encher um quarto com peças de ouro e outro um com peças de prata em troca da sua liberdade. Pizarro não pretendia libertar Atahualpa mesmo depois de pago o resgate porque necessitava de sua influência naquele momento para manter a ordem e não provocar uma reação maior dos incas que acabavam de tomar conhecimento dos espanhóis.
Além disto, Huáscar ainda estava vivo e Atahualpa, percebendo que ele poderia representar um governo fantoche mais conveniente para a dominação por Pizarro, ordenou a execução de Huáscar. Com isto, Pizarro sentiu a frustração de seus planos e acusou Atahualpa de doze crimes, sendo os principais o assassinato de Huáscar, prática de idolatria e conspiração contra o Reino de Espanha, sendo julgado culpado por todos os crimes condenado a morte.
Com a morte de Atahualpa, a estabilidade e organização inca acabou. Em 1533, Cuzco é dominada por Pizarro. As terras e culturas foram negligenciadas e os incas experimentaram uma escassez de alimentos que jamais tinham conhecido. Os incas apreenderam com os espanhóis, o valor do ouro e da prata e a utilidade que antes desconheciam, passando a pilhar, saquear tais símbolos de riqueza e poder. A proliferação de doenças comuns da Europa para as quais os incas não tinham defesa se disseminaram e fizeram o seu papel na morte de centenas de milhares de pessoas. Até 1572, ano em que morreu o último líder inca, Tupac Amaru, estima-se que quase 8 milhões de nativos foram mortos pelos espanhóis ou por doenças trazidas por eles.
Fonte: AZEVEDO, Gislane; SERIACOPI. Reinaldo. Projeto Teláris 7º ano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2015.
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